Amlia Rodrigues — Entrega

Descalça venho dos confins da infância E a minha infância ainda não morreu Atrás de minha infância, e na distância Menino Deus, Jesus da minha infância Tudo o que tenho, e nada tenho, é teu Venho da estranha noite dos poetas Noite em que o mundo nunca me entendeu E trago as mãos vazias dos poetas Menino Deus, amigo dos poetas Tudo o que tenho, e nada tenho, é teu Feriu-me um dardo, ensangüentei a rua Onde o demônio em vão me apareceu Porque as estrelas todas eram tuas Menino irmão dos que erram pelas ruas Tudo o que tenho, e nada tenho, é teu! Hei de ignorar e ignoro aos que são tristes Ó meu irmão Jesus, triste como eu Ó meu irmão, menino de olhos tristes Nada mais tenho além dos olhos tristes Tudo o que tenho, e nada tenho, é teu!


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