Amlia Rodrigues — Retrato de Amália

[Narração: David Moura-Ferreira] Dezembro de 1968 19 de dezembro Vinicius parte amanhã para Roma onde vai passar o natal Esta noite, em casa de Amália, há uma festa de despedida Chego um pouco atrasado à reunião Subo as escadas em bicos de pés Mas ouço logo no patamar uma prolongada salva de palmas Não, não são para mim as palmas Compreendo, por um não-sei-quê de magnético que persiste na atmosfera Que Amália acabou de cantar Foram dois fados Ambos com música [?] Por entre a penumbra que está na sala Começo a distinguir alguns rostos Amália, o Vinícius, a Natália Correia, [?] o José Carlos Ary dos Santos Mas nem há tempo para saudações É justamente Ary dos Santos quem vai recitar [Recitação: Ary dos Santos & Natália Correira] Deixe-me dizer o retrato todo a seguir Posso? És filha de Camões, filha de Inêz Assassinada voz de portuguesa Cantando a nossa imensa pequenez Com laranjas e gomos de tristeza! É no claro Mondego dos teus olhos Que se debruça o mal da nossa mágoa Ao Tejo dos teus gestos que se acolhe O nosso coração a pulsar água! Falando desatada de saudade Choras um povo, cantas a balada Mais bonita que soa na cidade De Lisboa, por ti apaixonada Bonito Bem, agora a Natália vai dizer a defesa do Poeta Ah não, não, não


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