Castro Alves — A Luíz

Como um perfume de longínquas plagas 57 Traz o vento da pátria ao peregrino, Ó meu amigo! que saudade infinda Tu me trazes dos tempos de menino! É o ledo enxame de sutis abelhas Que vem lembrar à flor o mel d’aurora... Acres perfumes de uma idade ardente Quando o lábio sorri... mas nunca chora! Que tempos idos! que esperanças louras! Que cismas de poesia e de futuro! Nas páginas do triste Lamartine Quanto sonho de amor pousava puro!... E tu falavas de um amor celeste, De um anjo, que depois se fez esposa... — Moça, que troca os risos de criança Pelo meigo cismar de mãe formosa. Oh! meu amigo! neste doce instante O vento do passado em mim suspira, E minh’alma estremece de alegria, Como ao beijo da noite geme a lira. Tu paraste na tenda, ó peregrino! Eu vou seguindo do deserto a trilha; Pois bem... que a lira do poeta errante Seja a bênção do lar e da família.


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